O projeto de sequenciação do genoma humano constituiu um dos marcos mais significativos da ciência no último século, tendo mobilizado consideráveis investimentos quer públicos, quer privados. Conseguido este primeiro objectivo, o ênfase da investigação tem sido colocado na capacidade de rentabilizar estes dados, extraindo novas formas de conhecimento, de forma a chegar a uma melhor compreensão dos fenómenos moleculares e celulares e assim poder melhorar as nossas capacidades ao nível do diagnóstico e terapêutica de algumas doenças, bem como potenciar técnicas usadas ao nível da Engenharia dos Bioprocessos, nomeadamente no que se refere ao desenvolvimento de estirpes microbianas super-produtoras de compostos de interesse.
A era da pós-genómica que surgiu após a sequenciação de genomas de diversos organismos possibilitou também a emergência de abordagens experimentais à escala global da célula. São já abundantes os trabalhos científicos de análise da generalidade das moléculas de mRNA de um organismo ou uma linha celular (transcriptómica) e do estudo simultâneo de todas as proteínas (proteómica). Estas tecnologias produzem grandes quantidades de dados que obrigam a tratamento informático complexo. Esta tendência tem-se agravado recentemente com a emergência das técnicas de sequenciação de nova geração. A estas abordagens junta-se a pesquisa de novas moléculas, de origem natural ou de síntese, com potencial farmacêutico ou biotecnológico e que atuem em alvos celulares específicos. A construção de modelos moleculares dos alvos celulares para estes compostos permitem orientar a pesquisa identificando as moléculas mais promissoras. Aqui, também, o recurso à informática é fundamental. A capacidade de tratamento de dados genómicos já permite a antevisão da possibilidade de desenho de medicamentos personalizados com base na informação das características genéticas singulares de um indivíduo ou de uma população.
A Bioinformática, entendida como a aplicação das Tecnologias da Informação à resolução de problemas no âmbito das ciências biológicas, afirma-se como uma disciplina chave nesta tarefa. Esta disciplina, nascida na intersecção das ciências biológicas com as novas Tecnologias de Informação e Comunicação e com sub-áreas da Matemática como a Estatística e a Optimização, tem sofrido um notável crescimento nos últimos anos.
Esta evolução tem-se verificado, entre outros factores, pelo incremento considerável nas solicitações do mercado de trabalho para profissionais com qualificação multidisciplinar nesta área. De facto, tanto na União Europeia como nos Estados Unidos e na Ásia está claramente identificada uma insuficiência de recursos humanos nesta área, passível de se manter nos próximos anos.