OBJECTIVOS
Objectivos do curso
É objectivo da Licenciatura em Tecnologias e Sistemas de Informação
a formação de profissionais em engenharia de sistemas de informação.
Embora situados no ponto de entrada da profissão, tais profissionais
deverão demonstrar capacidades de se envolverem em actividades típicas
da profissão com elevado sentido de responsabilidade profissional, exibindo
ao mesmo tempo capacidade de aprendizagem e de adaptação a novas
situações. Tais actividades incluem principalmente: desenvolvimento
de aplicações informáticas para suportar situações
de trabalho organizacional; intervenções que visam melhorar o
funcionamento da organização pelo aproveitamento das potencialidades
das tecnologias da informação e das suas aplicações.
O perfil de formação que se propõe encontra-se em sintonia
com aquele que é definido pela AIS – Association for Information
Systems – para um curso de 1º ciclo na área dos sistemas de
informação - IS 2002 .
Resultados esperados da aprendizagem
Espera-se que o licenciado em Tecnologias e Sistemas de Informação
(TSI) seja capaz de:
Capacidades e competências para o desenvolvimento de sistemas
de informação
Conduzir ou participar na condução de processos de desenvolvimento
de sistemas de informação, ou seja, de actividades que visam
melhorar o funcionamento dos processos organizacionais através do
aproveitamento de tecnologias da informação; No âmbito
de tais actividades deverá ser capaz de:
• executar procedimentos de inquérito que lhe permitam conhecer
os processos organizacionais, a dinâmica de funcionamento e a cultura
da organização;
• representar esses processos bem como o correspondente sistema de
informação organizacional;
• propor alterações nesse sistema de informação
e identificar as aplicações informáticas adequadas
para suportar o funcionamento do sistema de informação justificando
as propostas feitas;
• conduzir os processos de mudança organizacional com recurso
a abordagens adequadas (e.g., abordagens sistémicas) que dêem
confiança relativamente à correcção dos raciocínios
efectuados bem como à sua abrangência;
• descrever os requisitos das aplicações informáticas
consideradas necessárias e adequadas;
• seleccionar, de entre a oferta de aplicações informáticas
existente no mercado, as aplicações que constituam uma boa
solução, não só por satisfazerem aqueles requisitos,
como por constituírem uma solução económica
e por proporcionarem garantias de apoio pós venda;
• instalar e configurar essas aplicações à situação
específica de uma organização e preparar a organização
para a sua utilização.
Capacidades e competências para o desenvolvimento de aplicações
informáticas
Conceber e implementar soluções informáticas adequadas
para suportar as necessidades de situações de trabalho organizacional
expressas num caderno de requisitos. No âmbito de tais actividades
deverá ser capaz de:
• configurar e parametrizar pacotes de software (e.g., produtos ERP)
por forma a adaptá-los a necessidades específicas de uma organização;
• combinar e integrar componentes de alto nível, tais como
sistemas de gestão de bases de dados, sistemas de gestão de
relatórios, sistemas de gestão de fluxos de trabalho, recorrendo
eventualmente a plataformas de integração de aplicações
(produtos EAI);
• conceber aplicações informáticas e representar
as arquitecturas aplicacionais resultantes;
• programar, utilizando linguagens de programação adequadas,
componentes daquelas aplicações informáticas que satisfaçam
necessidades específicas de uma organização não
contempladas na funcionalidade oferecida pelas componentes disponíveis;
• combinar e integrar aplicações informáticas
desenvolvidas e suportadas em tecnologias heterogéneas e eventualmente
disponíveis em ambientes distribuídos;
Capacidades e competências para lidar com sistemas de computação
• Configurar sistemas de computação capazes de satisfazer
as necessidades de uma pessoa (computador pessoal) ou de uma organização
(servidor), sendo capaz de justificar as decisões tomadas, bem como
a relação custo/benefício de diferentes alternativas
consideradas;
• Implementar e configurar redes de computadores de pequena dimensão,
capazes de constituir uma plataforma informática de suporte à
exploração de forma distribuída de aplicações
informáticas de âmbito local, justificando as opções
tomadas relativamente a aspectos tais como adequação tecnológica,
desempenho e segurança.
Perfil de formação
Para além das capacidades e competências expressas na secção
anterior como resultados da aprendizagem, o licenciado em TSI deverá
ainda exibir capacidades e competências gerais compatíveis com
o 1º ciclo de formação do ensino superior (cf. secção
2.4) e com o perfil de engenheiro definido pela Escola de Engenharia da Universidade
do Minho (cf. secção 2.6) para o 2º ciclo de formação.
Em particular, espera-se que os licenciados em TSI demonstrem possuir uma atitude
reflexiva sobre as suas acções. Tal atitude traduz-se no planeamento
prévio das suas acções profissionais, contemplando nos
planos produzidos não só os aspectos eminentemente técnicos
como também aspectos financeiros, sociais e ainda uma antevisão
das dificuldades e riscos mais prováveis atendendo à situação
enfrentada e às capacidades e limitações da equipa. Tal
plano deverá ainda ser utilizado como referencial para a aprendizagem
individual traduzida na constatação dos desvios entre o que foi
planeado e o real desenrolar das actividades e projectos.
Por outro lado, espera-se também que os licenciados em TSI demonstrem
uma atitude de liderança. Liderança deve aqui ser entendida numa
perspectiva moderna tal como tem vindo a ser considerada no âmbito das
iniciativas que o Departamento de Sistemas de Informação tem vindo
a dinamizar com a Academia Militar e que se tem traduzido em acções
de formação dirigidas a estudantes e docentes.
A dinâmica da sociedade actual (causa e consequência
dos constantes desenvolvimentos das tecnologias da informação),
e a complexidade da operação e da gestão das organizações
modernas têm vindo a colocar estas organizações face a problemas
e desafios estreitamente relacionados com as tecnologias da informação,
tais como:
• as organizações sentem a necessidade de se manterem
aptas para competirem com as suas congéneres, utilizando práticas
organizacionais que configuram níveis de eficiência similares
(ou superiores) aos dos seus competidores; esta eficiência é
em grande parte influenciada pelo suporte proporcionado pelas Tecnologias
da Informação (TI)I;
• nos últimos anos têm vindo a emergir “pacotes”
informáticos cuja aceitação alargada configura situações
de norma de facto aplicável a determinados segmentos de mercado e em
determinadas áreas de negócio; a sua adopção e
exploração tornam-se assim um imperativo para as organizações;
• são frequentes as inovações que lançam
no mercado novos produtos informáticos que, em muitos casos, implicam
substanciais mudanças no modo de organizar o trabalho;
• crescente globalização das actividades económicas
cria novas necessidades de interacção entre empresas e consequente
necessidade de interoperabilidade das respectivas plataformas informáticas;
• as constantes mudanças das configurações empresariais
com frequentes fusões e autonomizações de empresas aumenta
significativamente os desafios de integração e de interoperabilidade
das correspondentes plataformas informáticas;
• a complexidade das plataformas informáticas, a diversidade
de produtos e a existência de diversos paradigmas de implementação
das plataformas e dos produtos cria situações de difícil
compatibilização, escalabilidade, capacidade de evolução
e manutenção;
• a evolução da sociedade e o crescimento da capacidade
dos cidadãos na utilização de meios informáticos
cria novos comportamentos e expectativas sociais com que as empresas têm
que lidar.
Enfrentar estas situações implica a existência nas organizações
de profissionais preparados para lidar com questões tecnológicas
com consciência plena do contexto organizacional, humano e social que
enquadra a adopção, utilização e aproveitamento
das tecnologias da informação.
A designação engenharia e gestão de sistemas de informação
é, em nosso entender, uma designação apropriada para os
profissionais possuidores das capacidades e competências adequadas para
enfrentar as situações acima descritas.
A designação inclui os termos “engenharia” e “gestão”,
termos esses associados a profissões que envolvem lidar com objectos
de elevada complexidade, quer num contexto de intervenção organizacional
do tipo projecto, quer num acompanhamento contínuo. Ambas as profissões
exigem também elevado nível de competências técnico-científicas
e abordagens rigorosas e sistemáticas fundamentadas em conhecimento sobre
os fenómenos organizacionais, humanos e sociais relevantes.
Actos da profissão
Os principais actos da profissão do engenheiro e gestor de sistemas de
informação incluem:
a. concepção e construção de aplicações
informáticas de suporte a situações de trabalho organizacional
cujos requisitos tenham sido definidos e justificados; inclui-se neste acto
da profissão, a concepção e implementação
de bases de dados e de data warehouses capazes de satisfazer as necessidades
de armazenamento e recuperação de informação nas
organizações ao nível das actividades operacionais e
de gestão;
b. melhorar situações de trabalho através da utilização
de tecnologias da informação; inclui o diagnóstico de
situações de trabalho, a sua conceptualização
enquanto sistemas de informação, a reformulação
desses sistemas de informação tendo em linha de conta o potencial
das TI, a definição dos requisitos para as aplicações
informáticas adequadas a suportar a nova visão para a situação
de trabalho, a obtenção das aplicações informáticas,
a preparação da organização para a mudança
que culmina com a utilização das novas aplicações
informáticas;
c. gestão da adopção e utilização das tecnologias
da informação e suas aplicações por forma a optimizar
a eficácia e eficiência organizacional: aproveitar o potencial
das TI na definição do negócio da organização
e utilização das TI para que o trabalho organizacional seja
realizado com o menor custo possível; zelar por uma adequada estruturação
para o enquadramento dos profissionais cujas funções incluam
garantir o bom funcionamento do suporte informático ao trabalho organizacional;
procurar garantir que o bom funcionamento da organização não
é perturbado por anomalias internas e externas que afectem o suporte
informático; etc.;
d. concepção das estruturas organizacionais necessárias
e suficientes para que uma unidade organizacional possa atingir a sua finalidade,
projectando os respectivos processos e definindo os papeis a desempenhar pelas
pessoas e pelas tecnologias da informação.
Estes actos do engenheiro e gestor de sistemas de informação
serão designados respectivamente por:
i. desenvolvimento de aplicações informáticas;
ii. desenvolvimento de sistemas de informação;
iii. gestão de sistemas de informação;
iv. engenharia do trabalho, dos processos e das organizações.
Capacidade de realização tecnológica
Note-se que os actos c. e d. acima referidos, embora exigindo um profundo conhecimento
das tecnologias da informação, não implicam a produção
de artefactos tecnológicos. Pelo contrário, nos actos a. e b.,
a obtenção e/ou produção de tal artefacto está
presente. Daqui resulta que o profissional de engenharia e gestão de
sistemas de informação deverá possuir sólidas capacidades
de realização tecnológica, ou seja, capacidade de construir
artefactos tecnológicos – aplicações informáticas.
Pressupostos quanto ao tipo de aplicações relevantes
Salienta-se que a visão subjacente a este documento é que as aplicações
informáticas de suporte ao trabalho organizacional (seja ao nível
das operações ou da gestão) são, hoje em dia, construídas
com base em componentes/plataformas de muito alto nível (e.g., sistemas
integrados de gestão, sistemas de gestão de bases de dados, sistemas
de gestão de fluxos de trabalho, sistemas de informação
para executivos, sistemas de suporte á decisão) parametrizáveis
e configuráveis de forma a ajustarem-se às necessidades que se
pretendem suprir. O engenheiro e gestor de sistemas de informação
terá que lidar sobretudo com este tipo de aplicações informáticas.
Considerando o âmbito de actuação dos profissionais de sistemas
de informação, salienta-se ainda a forte necessidade de boas capacidades
de comunicação inter-pessoal. Estas capacidades são indispensáveis
de forma a garantir a eficácia da interacção destes profissionais
com:
• outros profissionais com que têm que cooperar no âmbito
do exercício das suas funções (com os quais integram
equipas de projecto ou que estão associados a trabalhos a montante
ou a jusante do trabalho conduzido no âmbito do projecto);
• os agentes organizacionais (a qualquer nível da estrutura da
organização) responsáveis pelas actividades organizacionais
que são objecto de intervenção e que se constituem como
principais clientes dos profissionais de sistemas de informação;
• os fornecedores de bens e serviços relevantes para os projectos
em que está envolvido.